"A arte existe porque a vida não basta". A frase foi usada pelo artista Doc Miranda, da banda Reggae Spirit, que cantou e tocou domingo, na mais recente edição do projeto "Fazendo Arte no Parque", evento mensal independente realizado mensalmente pela equipe Geração Underground no Parque Linear Capivari, região Sudoeste de Campinas. Confira a seguir a entrevista na íntegra concedida ao blogue:
Reportagem - O que você acha da iniciativa do Geração
Underground em promover Cultura na periferia?
Doc Mirana – Em
primeiro lugar falou em Cultura, é de extrema importância para a população. E
Incentivar os grupos daqui a região é bom porque pode parecer incrível, mas
contribui bastante até para diminuir o índice de desemprego na nossa cidade e
no país, porque uma banda comporta dez, doze pessoas, que Têm suas famílias e
coisas assim. Então é extrem,amente importante a gente ver esse movimento ser
frequente justamente porque essas famílias todas que trabalham com cultura ...
Reportagem – Você encara a cultura como direito?
Doc Miranda – Não, não é um direito que eu posso falar...
Reportagem – Mas você não acha que a cultura é um direito?
Doc Miranda – Eu não vejo a cultura como direito. Vou dizer
uma coisa, agora, aqui, que eu espero que sirva para todos. A arte existe
porque a vida não basta. Sabe? Eu que está se propondo a trabalhar com cultura
...
Reportagem – Mas não deixa de ser um direito, não?
Doc Miranda – Parece que as pessoas não têm porque parece
que as pessoas que se propõem a encabeçar a cultura, mesmo do nosso município,
da nossa região, não trazem a cultura para as pessoas. E quando as pessoas vão
atrás, parece que vão em forma de protesto. Não é assim. Estamos aqui a banda
Reggae Spirit é a banda de reggae mais antiga do interior do Estado de São
Paulo, e a gente está sobrevivendo. Porque? Porque a gente provoca as culturas.
Então, quando se surge uma oportunidade como essa, a gente vem mesmo participar
porque é a nossa cidade o Reggae Spirit é daqui de Campinas . Não é aquela
coisa “a galera daqui de Campinas tem que conhecer a banda”. A banda tem que ir
onde o povo está mesmo. Como já diz a canção. Todo artista tem de ir onde o
povo está. E essa oportunidade de a gente poder vir fazer bem, apresentar bem
o nosso trabalho, isso é de extrema importância. Pra nós músicos é essa a
condição. Como estamos vendo aí, tem que ter banheiro biológico, para a galera,
é essa infra que precisa, um palco muito bem estruturado, um som muito bom,
então interage-se muito bem com a galera. A galera com a banda e tal. E as
pessoas, não só como direito, mas por tudo. Tudo isso é delas.
Reportagem – É mais do que direito?
Doc Miranda – Parece ser um chavão dizer que é o direito das
pessoas. Porque parece que quando fala em direito, por existir um curso de
direito, não sei, parece que essas pessoas, para ter direito, têm de fazer um
curso de direito. Não é assim. É muito além de qualquer direito.
Reportagem – Como você avalia a cena cultural de Campinas,
hoje?
Doc Mirana – Tem grupos muito bons em todas as tendências.
Eu estou aqui hoje com a galera do Hip Hop, do rap, sabe, porque aqui em
Campinas é muito forte.
Reportagem – Como você sentiu essa fusão?
Doc Miranda – Acontece que a nossa temática é a mesma. A
forma de enxergar o mundo errado que ta aí, vendo nossos comandantes ... As
pessoas que se propõem , mas que na verdade não se propõem, não se comprometem,
então, nós falamos a língua. Nós sentimos as mesmas dores.
Reportagem – Qual a mensagem que você deixa para as pessoas
que estão em casa querendo cultura, entrar para rap, entrar para o reggae, ou
desistiu, ou estão chegando agora?
Doc Miranda – Olha, como eu te falei que diz a canção, todo
o artista tem de ir aonde o povo está, é sói dizer aonde o povo está, se o povo
sai de casa, onde for, a cultura chega. E independentemente de qualquer
formalidade ou solicitações burocráticas, para ou acontecimento. Independente
de qualquer dessas formalidades. A gente quer tocar para o povão mesmo, nós
artistas somos assim. É assim que nós conduzimos. E o pessoal do Reggae Spirit o
Trio Vocal ...
Reportagem – Pois é ... Como que vocês estão na estrada?
Doc Miranda – A gente está fazendo o segundo disco. Estou
com músicas inéditas.
Reportagem – E quando que sai?
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