RAP - DL: “Muitos aí estão manchando a nossa cultura”

Rapper se apresentou na última edição do “Aqui Tem Grupo Ensaiando”

O rapper DL foi um dos artistas que participaram no último domingo, dia seis de abrilç, do projeto “Aqui Tem Grupo Ensaiando”, promovido pelo Geração Underground na rua João Sigrist, do Jardim Telesp, na região Sudoeste da cidade. Ele foi um dos entrevistados que falou sobre seu trabalho e sobre o Rap e sua relação com a comunidade.

Reportagem - O que significa DL?

DL: DL, mano, eu coloquei como dois lados. Eu enxergo a vida com os dois lados do mundo. Um lado necessário de você ir, que é contra o sistema, e o lado a favor do sistema. Porque você tem uma vida social. Infelizmente o que controla o mundo é o dinheiro. Então uma forma é você correr para ter o seu. Não querer ser mais que ninguém. Não buscar ser mais que ninguém. Mas é uma coisa necessária na vida para a gente conseguir sobreviver, ou viver nessa situação que acontece. E o meu outro lado é um lado em que eu vejo uma realidade mais profunda de tudo o que acontece, porque eu vivo a vida da periferia e vejo que na periferia, mano, é o lugar onde se tem mais opressão. Então por ver meu povo oprimido eu me revoltei e tenho meu lado de revolta. Tanto que a minha mãe, ela faleceu por causa do sistema. Ela morreu por negligência. Então foi o lado que mais me revoltou. Então eu tenho esse meu lado oculto que é esse meu lado agressivo. Então eu tento observar essas duas situações. Em uma eu tento me relacionar em outra eu sou antissocial. Então eu tenho dois lados para ver o mundo. Este é o significado de DL. Dois lados.

Reportagem - O que você acha da iniciativa do Geração Underground em promover o “Aqui Tem Grupo Ensaiando”?

DL - Eu acho muito da hora, mano. Uma coisa muito boa que a gente precisava em todas as quebradas para estar melhorando uma coletividade nossa, par estar vendo uma forma de pensar diferente, passando algum conhecimento para uma molecada da nossa quebrada, também um lazer ali, o tio a tia que quer curtir pode colar, eles não querem ficar só dentro de casa, eles também merecem. A senhora que rala a semana inteira tem que ter uma cultura para ela e para a família dela e muitos de nós, a gente tem que sair da nossa quebrada para buscar em outra quebrada. O da hora é a se a gente tivesse na nossa quebrada. Se a gente for esperar pela Prefeitura, pelo Governo, eles não vão fazer isso para a gente, então a gente tem que correr atrás. Então é uma iniciativa muito boa. Eu acho que a gente pode estar intercalando, fazendo essas pontes aí entre as cidades e os bairros, mano, que também é muito bom para um aprendizado nosso e um coletivo geral.

Reportagem - O que você acha da cena atual do Rap, do Hip Hop, como você avalia o que está acontecendo hoje no geral?

DL - Eu não sou nenhum juiz do rap mas eu tenho minhas formas de olhar, de analisar, de ver e eu vejo que muitos aí querem fazer a música, batem no peito que têm compromisso com isso, mas muitos não entendem o que é o rap. Para mim, o rap, desde o começo, a causa sempre foi a mesma. A gente não pode tentar uma nova causa. A gente tem que seguir a causa que começou. A gente é essência. A gente tem que buscar a essência. A causa sempre foi a mesma. Revolução. A causa sempre foi a mesma, mano, de buscar melhoria para o nosso povo, atacar o opressor, proteger nossa população, passar um ensinamento, então a gente tinha que chegar nessa. Muitos por aí só fazem som para aparecer, querem status, fama, dinheiro, e tem muitos que estão chegando agora nessa nova cena do rap que estão colaborando, fortalecendo, realmente sendo a cena do rap. Só que tem muitos outros aí que, infelizmente, estão manchando o nome da nossa cultura. 

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