Que pensamento vem à cabeça quando a
palavra é “livre”? Foi com uma pergunta mais ou menos parecida
com essa que o rapper Mr. Kill, o estudante Gustavo Ribeiro,
apresentou, por meio de um clipe, nas redes sociais, o seu novo
trabalho, cujo nome é justamente “Livre”. Aos 20 anos o
geminiano mora em Santo André, faz bacharelado em Ciências e
Humanidades e planeja partir para as Ciências Econômicas ou
Relações Internacionais.
Nascido no Parque Itajaí, região do
Campo Grande, noroeste de Campinas (interior de São Paulo) é politizado, militante do Movimento Hip Hop
antes mesmo da maioridade, ele deu entrevista ao meu blog, em que
fala sobre o seu trabalho, a situação política do País e do
cenário do rap nacional. “Confesso que é um pouco perigoso lançar
uma música chamada Livre em um mundo na qual a liberação é
delimitada ou quase inexistente”, disse. Confira a entrevista na
íntegra.
Eli Fernandes - Com Livre, quantas
músicas você já tem gravadas?
Mr. Kill - Cinco lançadas
oficialmente, como singles independentes. Há pedaços de projetos
gravados, alguns descartados, outros inseridos para um futuro
próximo. Porém, quanto a estes, nada oficial.
Como é cantar "Livre"
hoje num país que botou as Forças Armadas nas ruas, que usou de
ação truculenta contra a Cracolândia e que matou 10 trabalhadores
rurais numa só semana?
Mr. Kill - É ainda mais um
método de resistência. “LIVRE” traz muito a questão da falsa
liberdade, simultaneamente com a exposição de uma constante luta
para conseguir chegar a isso. É importante que, independente do que
aconteça, fiquemos atentos e jamais deixemos de questionar as ações
questionáveis de quem se acha superior o suficiente a ponto de
comprometer a vida de pessoas como se fossem meros lixos descartáveis
ou como se não pudessem ter aquilo que deveria ser seu por direito.
Você pode falar um pouco da
pŕodução do clipe? A meu ver é muito boa. Como foi o processo de
criação?
Mr. Kill - Na verdade foi tudo
muito corrido. Todas as cenas foram filmadas no mesmo dia. Primeiro
filmamos à tarde no meu bairro. Em seguida, saímos para uma estrada
meio que deserta em Campinas que, inclusive, descobrimos que um corpo
havia sido desovado ali na noite anterior. Após essa filmagem, nos
direcionamos ao centro da cidade para finalizar as filmagens. Enfim,
como eu já estava me mudando para a região de São Paulo, queria
que o videoclipe fosse filmado totalmente na minha cidade. Jesse
Prado, da LAMV Produtora, foi excelente. A mente e trabalho dele foi
essencial para o resultado do videoclipe.
E como você avalia a repercussão e
a acolhida do público a este trabalho novo?
Mr. Kill - Achei a repercussão
positiva e fiquei muito feliz por isso. Confesso que é um pouco
perigoso lançar uma música chamada “LIVRE” em um mundo na qual
a liberação é delimitada ou quase inexistente. Por mais que o
videoclipe e a música não tenham obtido êxitos devastadores,
considero que foi um resultado bastante positivo em relação a meus
últimos lançamentos. Não tive tempo, muito menos recurso para
trabalhar na divulgação com playlists ou impulsionar por marketing
digital. Por isso, mesmo sem todo esse suporte, considero que foi um
ótimo resultado. Foi o meu primeiro trabalho com videoclipe oficial
e estou muito grato pelos resultados espontâneos.
Como você avalia hoje o cenário do
Rap Nacional?
Mr. Kill - Acredito que tem
surgido trabalhos diversos no cenário e acho isso ótimo,
enriquecedor. Inclusive, eu mesmo não fecho a mente para trabalhos
diversos. Acho a inovação algo sensacional. Algumas pessoas
vanguardistas precisam entender que o mundo é mutável e que as
coisas se renovam. Como digo em um verso de LIVRE, eu não posso me
deixar ficar no mesmo lugar. E renovar as ideias, a mente jamais será
sinônimo de esquecer-se de onde surgiu. Muito pelo contrário, é
mostrar que você veio de certo ponto para algo maior.
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