Militantes negros decidem endurecer por cumprimento de Lei Federal de ensino da história afro nas escolas

Militantes negros decidem endurecer por cumprimento de Lei Federal


Maioria das escolas não ensina regularmente história e cultura afro-brasileira, cuja obrigatoriedade foi inserida na LDB pela Lei 10.639/ 2003, mas Ministério Público arquivou representação para apurar descumprimento


Campinas - Militantes do Movimento Negro da cidade, que lutam pela igualdade racial, decidiram pelo enfrentamento às autoridades políticas que descumprem a Lei Federal 10.639/2003, que incluiu na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) a obrigatoriedade do ensino regular da história e cultura negras em todas as escolas de ensino fundamental e médio do País (públicas e privadas). A lei está em vigor há 11 anos, mas na maioria das escolas o ensino não é aplicado.



A decisão foi encaminhada ao final do ato público "Basta de Racismo!", realizado pela campanha permanente de combate ao racismo É Racismo! Não É Um Mal Entendido, terça (30/9), na Câmara Municipal de Campinas, que contou com a participação de representantes de várias organizações militantes, como o Movimento Negro Unificado (MNU), o Força da Raça, o Coletivo de Combate ao Racismo da CUT (Central Única dos Trabalhadores), o Coletivo de Mulheres do Axé e o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos Humanos (CMDDH).



O tema central do ato foi o racismo institucional, que ocorre com a discriminação gerada pelo Estado e por outras instituições (veja definição no final). Os responsáveis pela campanha decidiram realizar o ato após o caso recente de uma funcionária de escola estadual que foi vítima de ofensa racial, proferida por uma colega de trabalho dentro da escola. O caso foi denunciado ao Ministério Público do Estado (MPE), na semana passada, por meio de representação assinada pelo vereador Carlão do PT e o grupo Força da Raça.



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Nesta semana, o mandato do vereador Carlão obteve a informação do arquivamento de uma representação no Ministério Público Estadual, instaurada pelo Grupo de Educação Especial de Educação (Geduc)- Núcleo da Capital, com objetivo de verificar se a Secretaria Estadual de Educação está implementando o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas. A representação (nº 50/13) foi provocada por Carlão, que enviou Ofício ao MPE, em março de 2013, solicitando as informações, em cumprimento à Lei 10.639.



O arquivamento, em dezembro de 2013, foi justificado pelo Geduc por informações prestadas pela secretaria estadual, indicando o cumprimento da Lei. Contudo, informações de professores e alunos da rede estadual e municipal apontam que o ensino não é aplicado de forma regular na maioria das escolas da cidade. Carlão avalia que o problema é grave porque entende que o ensino da história e cultura afro-brasileiras é fundamental para combater o racismo e conscientizar as futuras gerações para a promoção da igualdade racial.



"Não vamos aceitar isso. Lei é para ser cumprida! Temos que começar a responsabilizar as pessoas", disse o vereador. Edna Lourenço, presidente do Força da Raça, sugeriu o pedido de uma reunião com o MPE para discutir o caso. "Que este novembro seja um mês de denúncia!", disse ela, se referindo às ações programadas para o 20 de novembro (Dia Nacional da Consciência Negra). Paulo Mariante, presidente do CMDDH, lembrou que a Lei 10.639 foi a primeira a ser sancionada pelo Presidente Lula.



"Então, fecham os olhos para a Lei 10.639 porque o estado garante que está tudo bem! O Ministério Público foi às escolas checar isso? Creio que não", disse Reginaldo Bispo, do MNU. Durante o ato, ele falou sobre variadas formas de manifestação do racismo institucional, como o genocídio da juventude negra e a discriminação de pessoas negras nos serviços de saúde pública, conforme se pode comprovar com dados de pesquisas (exemplos a seguir).



Informações adicionais



O Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), implementado no Brasil em 2005, definiu o racismo institucional como "o fracasso das instituições e organizações em prover um serviço profissional e adequado às pessoas em virtude de sua cor, cultura, origem racial ou étnica. Ele se manifesta em normas, práticas e comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano do trabalho, os quais são resultantes do preconceito racial, uma atitude que combina estereótipos racistas, falta de atenção e ignorância. Em qualquer caso, o racismo institucional sempre coloca pessoas de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de desvantagem no acesso a benefícios gerados pelo Estado e por demais instituições e organizações."



- Segundo dados do IBGE e do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2010, a população negra no Brasil equivalia a 51% do total (97 milhões de 191 milhões) e as mulheres negras a 25% do total (47 milhões).


- Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2008, a taxa de mortalidade materna entre as mulheres negras, em 2007, era 65,1% maior que a das mulheres brancas.


- No Brasil, entre 2002 e 2010, o número de homicídios de brancos caiu 25,5%; já os homicídios de negros no mesmo período aumentou 29,8% (Weiselfsz 2012: 14).


- A pesquisa o "Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas", realizada pelo Instituto Ethos e IBGE, em 2010, revela que os negros ocupavam 13,2% dos cargos de gerência e 5,3% de diretoria. As mulheres negras eram apenas 0,5% dos cargos de diretoria.


Fonte dados: Guia de enfrentamento do racismo institucional (Geledés- Instituto da Mulher Negra)-

http://www.seppir.gov.br/publicacoes/publicacoes-recentes/guia-racismo-institucionalhttp://www.seppir.gov.br/publicacoes/publicacoes-recentes/guia-racismo-institucional


Foto: Crédito para Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Campinas. Na foto: Edna, Carlão (no centro) e Bispo.


Mais informações para a imprensa:


Michele da Costa, jornalista (mtb 1053- drt CE)

Assessora de Imprensa do mandado do vereador Carlão do PT

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