Jornalismo e manifestação

Uns consideram que jornalistas não participam de nada, outros que jornalistas devem ver a banda passar e nunca entrar no meio dela. No caso das manifestações que ocorreram nas últimas semanas a participação nas ações ficaram entre a cobertura, a aversão por protestos e o engajamento de profissionais jornalistas que participaram do movimento, das ações como caminhadas pela ruas e ocupações de espaços públicos como a Câmara Municipal de Campinas.

Alguns jornalistas participaram de reuniões prévias e não foram às ruas, mas ajudaram organizar a pauta, mobilizar a população. Outros estavam na passeata a trabalho tanto na Imprensa privada quanto pública e outros apenas resumiram tudo numa sucessão de fatos que acabava numa briga de manifestantes e policiais. Não era só isso.

Claro que aconteceram exageros. Mas eu considero que é possível participar das manifestações enquanto cidadão. Quando você está trabalhando e cobrindo a manifestação tem que tomar cuidado para não se esconder no meio da multidão nem atrás dos policiais. É preciso viver o momento ouvindo a banda bem de perto. Não precisa tocar nela. E isso não significa não ter opinião, ou olhar de alienígena para uma situação fora do normal.

Ficar no fogo cruzado entre policiais e manifestantes não é a melhor posição dos jornalistas num momento assim. É arriscado, irrita os dois lados e  tem que ver todos os lados, transitar por eles e não levantar a bandeira. Em vez da bandeira, use bloquinho de papel e caneta, microfone, máquina fotográfica, gravador, câmera, telefone, mas participe. Jornalista que não participa de nada nem sabe quando é banda e quando é disco. Mas tem que saber pra não entrar na banda errada.

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