Por que isto é importante
A importância da manutenção da Unidade de
Acolhimento Adulto (UAA) “Nise da Silveira” do Caps (Centro de Apoio
Psicossocial) AD (Álcool e Drogas) “Independência” é, na minha opinião,
garantir um mínimo de proteção às pessoas que encontram‐se em situação
de grande vulnerabilidade social e fazem tratamento ao uso abusivo de
substâncias. É preciso deixar claro que não se trata de um abrigo, mas
de uma casa que garante respaldo à saúde dos usuários no que diz
respeito, principalmente, a um período transitório de reintegração à
sociedade e aí sim, também, a possibilidade de um abrigo. Não se trata,
portanto, apenas de uma moradia, mas sim de uma unidade pública de saúde
muito mais complexa que oferece suporte para que os usuários inseridos
em projetos terapêuticos tenham condições de almejar a plena cidadania
e, assim, buscar acesso à geração de emprego e renda, moradia, educação,
saúde e habitação, entre outras necessidades, demandas e direitos
humanos.
Trata‐se, desta forma, de uma extensão do tratamento
oferecido pelo Caps AD “Independência” que vem funcionando, ao meu ver,
em caráter experimental e que tem apresentado resultados importantes no
que diz respeito à sua proposta de reintegração dos usuários do Sistema
Único de Saúde (SUS) à sociedade. No convívio com demais pacientes é de
fácil percepção o notório lastro às garantias mínimas de cidadania, como
acesso à documentação, exercício de convivência em coletividade,
valorização de responsabilidades não só individuais mas de compromisso
com a sociedade, desenvolvimento de aptidões, suporte para relações e
utilização de outros serviços públicos para além da área da saúde,
acesso à cultura e o inequívoco aprofundamento dos tratamentos
individuais. Para além de unidades, os usuários são tratados com
respeito à diversidade e à individualidade e atendidos em condição de
pessoas em uma situação de transformação do ponto de vista de sua
condição na sociedade, com a perspectiva de uma real e palpável melhora
no que diz respeito à qualidade de vida.
A situação aqui colocada é
referente ao convívio diário de cerca de 10 pessoas (usuários do SUS)
como protagonistas de seus projetos de vida construídos com apoio de uma
equipe transdisciplinar e que, como sugere o nome da unidade, oferece
amplo acolhimento e que opera na lógica da saúde pública humanizada
conforme preconizam as diretrizes do SUS. O foco da unidade é a
valorização dos direitos humanos em compromisso com a luta
antimanicomial, em regime de laicidade e de amplo estímulo ao exercício
do controle social por parte de usuários e trabalhadores, o que pode ser
observado com a realização de constantes assembléias de caráter
horizontal em que todos dividem não só os benefíocios dos direitos mas
as responsabilidades dos deveres intrínsicos à condição da pessoa
entendida como cidadã.
Sou jornalista, usuário do Caps – AD
“Independência” e estou acolhido na UAA Nise da Silveira. Já trabalhei
para jornais como “O Globo” e “Folha de S. Paulo”, assessorias de
Imprensa para instituições como o SUS, entre outros. Ao produzir este
texto me ative à transmissão de minha percepção enquanto usuários desta
unidade pública de saúde, onde mantemos contato diário com equipe
formada por profissional de psicologia, de artes, educador de humanas,
historiador, estudantes de psicologia, ciências sociais, enfermage e
educação física. Estive atento também à cadeia de benefícios que este
acolhimento tem apresentado, enquanto parte de um projeto terapêutico, e
mais uma vez lhes forneço um depoimento humano e fiel, de mais um
beneficiado destre projeto que pode salvar vidas através da inserção
social; esse relato é o relato de um jornalista, mas antes de tudo um
ser humano que está tendo todo o apoio de uma casa que já posso chamar
de lar e por tantas outras pessoas foi assim chamado.
Esta é uma
petição pela importância da continuidade do projeto da UAA “Nise da
Silveira” do Caps AD “Independência” de Campinas, São Paulo, Brasil.
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