Eli Fernandes: MORADIA: Comissão de Direitos Humanos reúne famílias ameaçadas de reintegração de posse

MORADIA: Comissão de Direitos Humanos reúne famílias ameaçadas de reintegração de posse

Campinas - Em reunião extraordinária, a Comissão de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal reúne moradores e ex-moradores da Vila Mac Hard (Jd Guanabara, área da antiga Fepasa), nesta quinta (28), às 16h30, no Plenarinho. O objetivo é coletar depoimentos sobre as dificuldades enfrentadas por eles diante da decisão judicial pela reintegração de posse da área em favor do Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa (IPEP), com mandado expedido dia 10 de fevereiro (nº 114.2016/011540-0). O Condepacc e o Sindicato dos Ferroviários também foram convidados.

Segundo informações de moradores, a área tem aproximadamente 50 casas, 22 delas ainda ocupadas por famílias de ex-funcionários da Fepasa, que vivem no local há mais de 25 anos. O IPEP é o atual proprietário da área, que inclui também o prédio aonde funciona a Clínica Raskin (de oftalmologia). Na quarta (27), moradores estiveram na Prefeitura para buscar um auxílio na negociação com o IPEP, como distensão do prazo para desocupação, auxílio aluguel e uma alternativa de moradia para as famílias por meio da Cohab.

Moradores também informam que há 10 anos as famílias foram cadastradas pela Prefeitura, com prioridade em empreendimentos da Cohab, sem retorno até hoje. Entre os moradores, alguns ex-funcionários da Fepasa que ainda não receberam seus direitos trabalhistas. Outro agravante é que várias destas casas são tombadas pelo Condepacc, segundo a moradora Márcia Gabriel, e estão sendo alvo de vandalismo. Ela denunciou a situação ao Condepacc, em Ofício protocolado dia 7 de abril. O descaso com o patrimônio histórico também é objeto de investigação do Ministério Público.

Interesse imobiliário

Embora a área seja de propriedade do IPEP, quem tem buscado negociar a saída das famílias nos últimos anos são empreiteiras, com oferta de até R$ 5 mil, segundo moradores. Há relatos de que o local deverá abrigar um shopping, um condomínio e uma faculdade. “Nos preocupa o esquema por trás disso para viabilizar empreendimentos imobiliários no local, em prejuízo ao patrimônio histórico e com total desrespeito ao direito das famílias à moradia”, avalia o presidente da CDH, vereador Carlão. Ele acredita que os moradores devem ser indenizados adequadamente ou terem garantida a transferência para outros imóveis.