Entrevistador: E sobre a Zona Oeste e o Centro?
Ângelo: A Zona Oeste é mais pobre ainda. É onde estão concentrados os subúrbios... Como vivem muito longe do centro financeiro e dos bairros da Zona Sul, as pessoas que moram ali são mais pobres. Elas precisam levantar às 3 horas da manhã para pegar um trem [para o Centro ou Zona Sul]para chegarem a tempo no trabalho. É lá na Baixada Fluminense que vivem as pessoas realmente pobres, onde o crime organizado é o pior, onde tudo é mais violento. O Centro já é diferente, é uma mistura... Todos os bancos e instituições financeiras estão localizados no Centro, então durante o dia ele está cheio de gente - dos ricos industriais e banqueiros, até 'office boys' e secretárias. Mas à noite todos saem do Centro. Em algumas áreas á prostitutas e boates, como na Lapa e na Praça Mauá, mas o resto fica vazio, como uma espécie de cidade fantasma, abandonada e entregue aos mendigos que dormem nas portas do bancos e lojas fechados, e aos meninos de rua.
Trecho de "Abaixo do equador", "Culturas do desejo, homossexualidade masculina e comunidade gay no Brasil", livro assinado por Richard Parker, enquanto professor e chefe do Departamento de Ciências Sociomédicas na Escola de Saúde Pública da Universidade de Colúmbia em Nova York, além de professor no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e diretor-presidente da Associação Interdisciplinar de Aids (Abia), editado pela Record, em 2002, com tradução de Ryta Vinagre.
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