Eli Fernandes
Eli dos Santos Fernandes fernandeseli@gmail.com
Movimento Passe Livre se inspira em zapatistas do México
Movimento Passe Livre se inspira em zapatistas do México
Jovens que iniciaram protestos no país trocam experiências com exército pacífico indígena de Chiapas
Tópicos da matéria:
Protestos no Brasil
Comentar
Enviar
Imprimir
TATIANA FARAH (
EMAIL
·
FACEBOOK
·
TWITTER
)
Publicado:
23/06/13 -
9h45
Atualizado:
23/06/13 -
9h53
Zapatista recebe bandeira de militante o MPL de Brasília no México, em 2007
Terceiro / Divulgação
SÃO PAULO — “Abajo y a la izquierda está el corazón”. A frase do subcomandante Marcos, do Exército Zapatista de Libertação Nacional, do México, embala o discurso do Movimento do Passe Livre (MPL), que deu início às manifestações pelo país, forçando a queda no preço das tarifas de transporte público. “Abaixo” estão os grupos marginalizados e as minorias, que o MPL chama de “os de baixo”. E “à esquerda”, o discurso anticapitalista. Formado por universitários da USP e trabalhadores da periferia, o movimento se intitula anticapitalista, apartidário, pacífico, autônomo e horizontal.
Alguns dos militantes do MPL, como Luiza Calagian, paulista de 19 anos, já atravessaram o continente para conhecer as comunidades zapatistas de Chiapas, que ganharam atenção mundial em 1994, quando os zapatistas baixaram as armas e passaram a negociar direitos indígenas com o governo mexicano pacificamente. Viraram exemplo para os novos movimentos sociais que se organizavam contra os efeitos da globalização.
Como os zapatistas, o MPL se difere dos partidos na forma horizontal de se organizar, em que tudo é decidido coletivamente. Não existem cargos nem líderes. Todos falam em nome do movimento. Nas ruas, não têm carro de som nem comício, para não ditarem o discurso dos “de baixo”.
“Podemos ser qualquer um de vocês”, diz estudante
“Marcos é um gay em São Francisco, um negro na África do Sul, um asiático na Europa, um chicano em San Isidro, um anarquista na Espanha...”. Nos anos 90, o subcomandante Marcos, o intelectual da Universidade Autônoma do México que se embrenhou pela selva de Chiapas para lutar com os indígenas, tornou-se quase uma lenda. Questionados sobre quem seria o subcomandante — “sub” porque o comandante são os índios, os zapatistas, que cobrem o rosto com máscaras —, respondem: “Todos somos Marcos”. No Brasil, o MPL tenta seguir por uma linha semelhante:
— Podemos ser qualquer um de vocês — diz Mayara Vivian, 23 anos, representante do movimento
VEJA TAMBÉM
Jovens brasileiros estão mais longe do voto e da política tradicional
Nos partidos, mea culpa, medo e propostas para um futuro incerto
Novo perfil de manifestante toma as ruas de São Paulo
Brasil nas ruas: O ‘monstro’ pode ser uma hidra
Brasil nas ruas: a revolta começa em casa
Michel Maffesoli:‘Vejo esses movimentos como Maios de 68 pós-modernos’
Protestos no Brasil: para analistas, o momento agora é de reação
Protestos no Brasil: Qual é o futuro do movimento? Conter a violência é o principal desafio?
Os militantes evitam falar de suas vidas e mal contam onde trabalham e estudam. Entre os que mais apareceram durante duas semanas de protestos, a maioria é estudante de Ciências Humanas da USP, com idades entre 19 e 23 anos. Marcelo Hotimsky, de 19 anos, que faz Filosofia, explica:
— Existe influência zapatista sobre os movimentos antiglobalização. Os zapatistas fazem parte de um processo histórico do qual a gente é fruto.
Apesar de terem sido praticamente expulsos da manifestação que eles mesmo convocaram, na quinta-feira, na Avenida Paulista, por apoiar a presença de partidos de esquerda e as bandeiras de movimentos sociais, os militantes do MPL dizem ser apartidários. Em reunião antes do protesto, vetaram a proposta dos partidos de usar um carro de som.
— Usamos a bateria nos atos, não o carro de som. Não queremos ditar discurso. São aspectos que nos diferem dos partidos políticos — diz Hotimsky.
Os partidos e movimentos sociais tradicionais são parceiros do Passe Livre em causas específicas, mas os militantes não fazem concessões quando esbarram em conflitos. Petista, o prefeito Fernando Haddad foi duramente criticado pelos jovens mesmo depois de baixar o preço da tarifa. Eles também não se responsabilizam pelas mobilizações na rua:
— A população tem capacidade de se organizar — defende Mayara.
O Exército Zapatista de Libertação Nacional nasceu em 1983 e atuou na clandestinidade, na Selva Lacandona, no México, até 1994. Depois de uma guerra sangrenta contra o Exército do governo, que durou 12 dias, o grupo guardou as armas. Seu discurso, com reverberação pela internet, despertou a atenção mundial — que vivia os primeiros momentos dos grupos contra a globalização — e continua atuando em Chiapas (
T.F.
)
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/movimento-passe-livre-se-inspira-em-zapatistas-do-mexico-8787902#ixzz2X3Lugi00 © 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Postagem mais recente
Postagem mais antiga
Página inicial
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postagens populares
Imigração Africana em Campinas será debatida na Semana de Solidariedade aos Povos Africanos
SEMANA DE SOLIDARIEDADE AOS POVOS AFRICANOS Programação terá diálogo sobre imigração Africana em Campinas Ensino da História e Cultura Afric...
Geoconda e a novela
Geoconda resumia os capítulos das novelas para as amigas e achava aquilo uma sacanagem. Acabava, dizia, sendo apontada como noveleira. Mas n...
Comunidade acadêmica e movimentos sociais cobram ações de combate ao racismo na Unicamp
Comunidade acadêmica e movimentos sociais cobram ações de combate ao racismo na Unicamp Associação de Docentes da Unicamp apoia invest...
Unicamp
De: Ronei Aparecido Thezolin < ronei@reitoria.unicamp.br > Unicamp lidera projeto que integra sistemas de energia< http://www.un...
campinas
De: Google Alerts Notícias campinas Em Campinas , ativistas invadem aula que usava porcos como cobaias Esta...
circuito de arte e cultura cpfl: confira a programação de abril!
Cursos gratuitos na Casa Mario de Andrade, em São Paulo
http://www.oficinasculturais.org.br/programacao/ver.php?idoficina=8 Entre eles... MINICURSO: O PAPEL DA TV PÚBLICA NO BRASIL ...
Rappers trouxeram arte e cultura e se apresentaram em final de torneio
Encontro de grupos de rap foi realizado após partidas de futebol O evento que marcou a final do Primeiro Torneio de Futebol na Praça ...
LUME Teatro - sede temporariamente interditada
De: LUME Teatro - UNICAMP ...
Mais de 20 vagas novas: comunicação - brasil
Vagas de emprego: comunicação - Brasil Alterar alerta de vagas - Ver empregos: ...
Expediente:
Eli Fernandes, Jornalista.
Fotos, distorções e outras imagens.
Nuvemgaleria
Nenhum comentário:
Postar um comentário