Galeria do Meteorito

Galeria do Meteorito


Posted: 24 Mar 2017 03:33 PM PDT
brasileiros descobrem chuvas de meteoros
A descoberta inédita foi feita pela rede BRAMON, após 3 anos de observações

O dia 20 de março se torna mais uma data importante para a astronomia no Brasil. Foi nessa data que o Centro de Dados de Meteoros (Meteor Data Center), órgão ligado a União Astronômica Internacional (UAI), incluiu pela primeira vez chuvas de meteoros reveladas por brasileiros.

A descoberta, feita pela BRAMON (Brazilian Meteor Observation Network), foi possível após monitoramentos feitos nos céus do Brasil desde 2014. Atualmente, o projeto conta com 82 estações de monitoramento distribuídas em 19 estados, sendo uma das poucas redes de observação de meteoros do hemisfério sul. O melhor de tudo? Ela é feita principalmente por astrônomos amadores, que contribuem com o projeto através de câmeras de monitoramento, que registram tudo que acontece no céu, e são conectadas através de um programa de computador.




As chuvas de meteoros descobertas foram nomeadas Epsilon Gruids (EGR) e August Caelids (ACD), e os radiantes (local onde os meteoros parecem se originar) encontram-se nas constelações de Grou e Cinzel, respectivamente.


As observações e as novas descobertas

Grande parte dos meteoros são aleatórios, ou seja, riscam os céus sem que haja uma origem em comum. As chuvas de meteoros são diferentes, pois fazem parte de uma esteira de fragmentos que se encontra com a Terra em determinada época do ano, e parecem sempre surgir de uma mesma região no céu.

Órbitas dos meteoros do radiante Epsilon Gruids - a Terra (em azul) está à esquerda do Sol (em amarelo)
Órbitas dos meteoros do radiante Epsilon Gruids. A Terra (em azul) está à esquerda do Sol (em amarelo).
Créditos: BRAMON

Os pesquisadores Carlos di Pietro (São Paulo-SP) e Marcelo Zuritta (João Pessoa-PB) perceberam que um grupo de meteoros parecia surgir de um único ponto do céu, mais exatamente na constelação de Grou. Em janeiro de 2017, outro integrante da BRAMON, Lauriston Trindade (Manguape-CE) integrou o grupo de pesquisas a fim de calcular e validar a descoberta. "Foram centenas de cálculos, envolvendo milhares de meteoros", disse Lauriston Trindade. "Foi um mês de trabalho dedicado. E para a alegria de todos, não só foi possível validar o primeiro grupo descoberto como acabei encontrando um segundo grupo válido."

Órbitas dos meteoros do radiante August Caelids - A Terra (em azul) está a direita do Sol (em amarelo)
Órbitas dos meteoros do radiante August Caelids. A Terra (em azul) está à direita do Sol (em amarelo).
Créditos: BRAMON

Logo após a identificação e confirmação feita pelos brasileiros, os dados foram enviados à Meteor Data Center no início de março, e já no dia 20 de março, as duas novas chuvas de meteoros foram includas na lista oficial da União Astronômica Internacional.




O site Galeria do Meteorito entrou em contato com Lauriston Trindade, a fim de questionar sobre o pico da chuva (data em que a maior quantidade de meteoros pode ser observada), e a taxa horária (quantidade de meteoros que riscam o céu a cada hora durante o pico). "Nós temos sim a estimativa da data do pico", respondeu Lauriston. "Na chuva de meteoros Epsilon Gruids, o pico ocorre na madrugada de 11 de junho. Já na chuva August Caelids, a estimativa aponta que o máximo ocorra na madrugada de 5 de agosto."

"Nós não temos ainda a estimativa da taxa horária, pois vamos analisar o banco de dados da BRAMON novamente para verificar quais meteoros, que ao longo dos anos, foram identificados como esporádicos, mas que na verdade pertenceriam à essas chuvas", respondeu Lauriston Trindade. "Dentro de aproximadamente duas semanas deveremos ter uma estimativa sobre a taxa horária de ambas as chuvas, portanto, em junho e agosto, nas datas de pico, os observadores já terão uma ideia de quantos meteoros poderão riscar os céus."




Perguntamos ainda qual será o sentimento ao avistar um meteoro da chuva Epsilon Gruids, sabendo que ele foi um dos responsáveis pela sua descoberta.

"Avistar um meteoro que componha o radiante do Grou ou do Cinzel é gratificante. Imaginar que foram dias e noites fazendo cálculos, alguns rabiscos no papel... algumas planilhas no computador... e que aqueles números se revertem em uma realidade... uma órbita, de objetos que estão a milhões de quilômetros da Terra", respondeu Lauriston Trindade. "Observar esses meteoros será como a premiação da linguagem e da capacidade do humano de ler o Universo. Esse é o sentimento mais gratificante que estará associado à essa descoberta."

A descoberta dessas duas novas chuvas de meteoros é excelente para a Astronomia, não só no Brasil, mas em todo o mundo, pois mostra que uma rede colaborativa formada por cidadãos comuns é capaz de alcançar grandes feitos científicos.

O site Galeria do Meteorito parabeniza todos os envolvidos pela grande descoberta, e é claro, não vemos a hora de observar a Epsilon Gruids e a August Caelids. Sabendo que foram descobertas por brasileiros, elas terão um brilho especial!






Imagens: (capa-ilustração/BRAMON) / BRAMON / divulgação
24/03/17

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