Controle Social e Saúde


Carta aberta à população


Usuários e trabalhadores unidos em defesa do SUS

Campinas, 24 de fevereiro de 2016.


Campinas fechou 2015 com a maior epidemia de dengue de sua história. Isso demonstra o quanto a saúde não está sendo cuidada como deveria na cidade.

Nestes últimos anos a rede de saúde foi abandonada pelo poder público municipal e hoje podemos observar as consequências deste abandono em diversos retratos:

1. Há um desfalque significativo de trabalhadores para fazer funcionar os Centros de saúde, pronto atendimentos e toda a rede de urgência e emergência da cidade.

2. A estrutura predial de nossas unidades de saúde está caindo aos pedaços, colocando em risco os trabalhadores de saúde e a população. Até escorpiões têm sido encontrados na UPA Centro sem que a Secretaria de Saúde tome as providências necessárias para a manutenção e reforma do prédio.

3. Não há integração entre a Rede Básica, Pronto atendimentos e outros hospitais que atendem o SUS. Essa fragmentação da rede prejudica os usuários e sobrecarrega os trabalhadores.

4. Falta um trabalho intersetorial que comprometa as várias secretarias envolvidas com o problema da proliferação do Aedes aegypti, que precisam trabalhar em conjunto e intensificar a comunicação com a população da cidade.

5. Sofremos hoje um crescimento assustador da violência na cidade. Durante as últimas semanas, diversas situações extremas envolvendo violência contra trabalhadores e trabalhadoras da saúde causaram grande impacto na rotina dos serviços. Em dezembro de 2015 no CS DIC III, fevereiro de 2016 no CS Ipaussurama e na UPA Centro, trabalhadores foram agredidos fisicamente por usuários que buscavam algum tipo de atendimento. Além disso, outros servidores foram assaltados à mão armada dentro dos seus locais de trabalho, como aconteceu no CS Floresta, no CS São José (pela terceira vez em dois meses!), PA São José e no CS Rosália.

Expostos ao clima de insegurança, muitos trabalhadores têm discutido e cobrado da Prefeitura melhorias, a fim de poderem desenvolver suas funções tendo suas vidas respeitadas e preservadas. Situações de violência não são novas para os serviços de saúde. Diariamente, trabalhadores são agredidos verbalmente e adoecem em seus postos pela impossibilidade de atender de forma digna.

Precisamos discutir o fato de tais situações virem à tona visto que não são dadas aos trabalhadores e aos serviços condições de trabalho suficientes para que seja garantido o acesso da população e a qualidade da assistência. Usuários chegam doentes aos serviços e, ao invés terem suas demandas atendidas, encontram lá negativas vindas de uma equipe também adoecida e sobrecarregada. Faltam profissionais, faltam medicamentos na farmácia, falta estrutura física adequada (como fica exemplificado pelos diversos prédios que caíram aos pedaços nos últimos meses, após clara negligência da Prefeitura!).

As equipes fazem o possível para qualificar a assistência e garantir atendimento para seus usuários. Entretanto, a tarefa fica difícil frente às reais condições de trabalho. Diante das situações de violência, o recurso que resta aos trabalhadores e trabalhadoras é paralisar seus serviços em forma de protesto, a fim de chamar a atenção da gestão para os problemas vividos.

 A intenção das equipes não é, de forma alguma, prejudicar a população com desassistência. Pelo contrário: a intenção é cobrar condições de trabalho dignas para que os usuários possam ter suas demandas atendidas dentro de sua integralidade. Com medo da violência, trabalhadores adoecem e deixam seus postos de trabalho. Outras vezes, nem chegam a escolher estes locais em vista da falta de segurança, e isso sim gera desassistência. Neste cenário de violência, os usuários são tão prejudicados quanto os trabalhadores.


Pela união entre trabalhadores e usuários! Precisamos exigir da Prefeitura de Campinas serviços com condições de funcionar de acordo com as necessidades da população!


-Com reforma e manutenção das unidades de saúde!
-Com reposição dos funcionários que estão faltando!
-Com garantia de segurança no trabalho!
-Todos no combate ao Aedes aegypti!  
OBSERVAÇÃO:
Este texto foi apresentado na reunião do Conselho Municipal de Saúde em 24 de fevereiro de 2016 por um conjunto de conselheiros, usuários, trabalhadoras e trabalhadores da saúde. Não foi possível votá-lo visto que, ao final da reunião, não havia mais quórum. Será apresentado novamente na reunião do dia 08 ou 22 de março.


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