Arte

Cinema de autores

“Andávamos sem procurar-nos, mas sabendo que andávamos para encontrar-nos”,

Julio Cortázar

Bianca Alencar

O diretor espanhol José Alayon aposta em um cinema desvestido de rótulos como

temáticas e divisões de gêneros, que contribua para o crescimento do ser humano

por trás da câmara, de todos os envolvidos em sua realização e que consiga, ainda,

conectar-se a um público também inclassificável. Além de reivindicar a produção de

todos para todos, argumenta que a energia criadora vale mais do que ideias encerradas

em um projeto pré-determinado. A intuição guia o rumo dos seus filmes, que tomam

forma durante as gravações. Slimane, seu primeiro longa-metragem de ficção, nasceu

do encontro do diretor com o protagonista que participava da seleção de atores para

outro roteiro que nunca se realizou. O filme recebeu os prêmios de melhor obra-prima

no Festival Internacional de Cine de Murcia e de melhor longa-metragem no Festival

Internacional de Cine de Las Palmas, Canárias.

O jovem marroquino Slimane entrou por primeira vez numa sala de cinema para ver

o filme que protagoniza e foi mais que uma grata revelação como ator para Alayon.

“Quando o conheci e coloquei a câmera na sua frente, pensei: aqui há um filme, que

ainda não sabia qual era”, comenta.

Mestre em contar histórias que fogem das estruturas narrativas tradicionais, com pouco

pressuposto, Alayon apresenta neste seu último trabalho a realidade de dois jovens que

acabam de sair das casas de acolhida para imigrantes, ao cumprir 18 anos.

Considerado um cineasta que faz o chamado “cinema de autor”, ele não se sente

cômodo dentro de qualquer denominação. Slimane esteve tanto em festivais e mostras

de documentários como de ficção. “Eu prefiro falar de um cine cine, não consigo

enxergar esta divisão”, explica.

A intuição guia seu trabalho, possibilitando a liberdade de construir ou desconstruir

um filme durante sua realização. Nessa entrevista ele fala sobre a importância de um

cine que retrata o ser humano, dispensa aplausos e não depende da chamada indústria

cinematográfica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens populares