Fazendo Arte
no Parque é um projeto desenvolvido por um grupo de pessoas que está utilizando
o espaço público localizado à Região Sudoeste de Campinas, no interior de São
Paulo. No caso, o espaço é o Parque Linear do Capivari, também conhecido como
Lagoa do Mingone.
São diversos
grupos, principalmente de rap, que se apresentam simultaneamente às competições
de skat que ocorrem no mesmo local.
Neste espaço público urbanizado recentemente são recebidas famílias
inteiras que começam aumentar o fluxo de usuários do parque. Quem explica melhor o Projeto é um de seus organizadores, o rapper Doutor Sinistro.
Qual a
avaliação do Fazendo Arte no Parque?
Doutor
Sinistro: Cara, pra gente, superou as nossas expectativas. Devido ao fato de
como a gente começou: contratando som por conta própria, sabe? Tirando dinheiro
do bolso, fazendo empréstimos. Estamos até devendo. Estamos pagando aos poucos
porque não entrou dinheiro. O lucro que tivemos foi o resultado da coisa ter
acontecido e de o Projeto ter se tornado realidade. De certa forma a gente tem
conseguido realizar. Quando falo a gente eu falo do Geração Underground, que é
um grupo de pessoas. A pegada, eu acho que para quem participou, para quem
compareceu, para os grupos que se apresentaram, inclusive para quem não
conhecia até o Parque, foi super de resultado positivo, foi um diferencial
mesmo ali. Mesmo as pessoas que não estavam diretamente ali praticamente única
e exclusivamente pelo fato da programação do projeto em si, as pessoas que
mantém o hábito de estar ali caminhando, ou na academia ao ar livre e que tinha
oportunidade de ouvir um som que estava alto ali, então eles acabaram se
aproximando parando um pouco para ver o que estava acontecendo e de repente,
nos próximos as pessoas já estavam se interado, compartilhando, trocando
endereços no Facebook, dando sua opinião. Por que para a gente não houve
críticas nem em publicações. No mais foi uma oportunidade de reunir os grupos e
fazer um intercâmbio e foi oportunidade de vários grupos divulgarem seus
trabalhos de até estarem distribuindo seus CDs. As pessoas levaram as famílias
junto. Levaram as mães, levaram filhos, esposas, pais e parentes em geral,
Então a gente fechou o ano com o Sistema Negro ali e que eu vou falar pra você:
Apesar de a gente não ter toda aquela estrutura que precisava para estar à
altura da programação, à altura do Projeto em si, à altura dos grupos que
passaram por ali e se apresentara, à altura do Hip Hop, eu acho que ainda
faltou estrutura. Eu acredito que a gente vai estar complementando neste ano de
2014.
Quais as
expectativas para o ano de 2014?
Então. Pra
2014 o que a gente definiu é aquilo que a gente está prevendo que pode ser
realizado. Já entramos com uma atitude.
Protocalamos um ofício para o agendamento de algumas datas que são sempre todos
os últimos domingos do mês o que vai encontro com o passe lazer que é quando a
passagem de ônibus é mais barata e as pessoas podem circular mais e vir
prestigiar. De definido tem que a gente vai começar novamente o projeto em
março, dia 30 de março de 2014. A gente vai fazer uma retrospectiva antes, no
dia 23 de fevereiro. E aí a gente vai estar agendando, se não todos, pelo menos
a maioria dos grupos que por ali passaram, fizeram parte da programação. Os que
já compareceram, passaram por ali, vão se apresentar na retrospectiva do
projeto. Vai ter uma edição em fevereiro, mas ainda sem os grupos novos. Em
fevereiro vai ser um aquecimento. Mas em março a gente começa com novos grupos
porque a intenção ali é estar sendo uma coisa meio que cíclica, e é para ter
outros grupos também para dar oportunidade ao maior número de grupos e bandas.
E não só bandas e grupos de rap, mas com bandas de rock, hardcore, reggae,
porque já tivemos uma experiência muito boa com uma banda chamada Zumbi
Radioativo que eu agradeço e já convido para participar novamente no ano que
vem Assim como outras bandas de rock, de pop rock, ska, seguindo com o Projeto
então nesta linha.
E vamos
buscar recursos através de algum patrocínio legal de um pessoal que eu acredito
que tem visto o Hip Hop, o rap, com
outros olhos, com mais seriedade, botando fé no nosso compromisso e pessoas
compromissadas para que a gente possa também estar trazendo outros artistas,
artistas de ponta. E a ideia é também, e isso não só musicalmente falando, na
área do que se desenvolve lá, porque a gente também está sofisticando os
torneios e competições que rolam ali de Skat. Copiando não, mas seguindo os
exemplos de outros moldes, de outras cidades, de outras localidades que têm ou
já tiveram desenvolvido isso, para a gente estar sempre acompanhando e sempre
atualizado e antenado. Estendendo o convite já também para os skatistas de
ponta que representam nacionalmente e internacionalmente a modalidade de skat
para estar vindo não necessariamente para competir, mas se for possível, claro,
a gente acha que se eles quiserem fazer isso. A gente pensa em uma tarde de
autógrafos, com fãs e etc. Isso seria para um aprendizado. A ideia do Projeto
que vem se desenrolando ali é de justamente estar estabelecendo, assim, junto
às datas que a gente está agendando, fazer com que pelo menos algumas das
atividades realizadas ali passem a fazer parte do calendário oficial da cidade.
De repente uns links com Semana da Água, Semana do Meio Ambiente, só para citar
alguns exemplos porque é um parque ali é uma área de preservação, a gente tem
esta consciência para tratar de temas como meio ambiente e preservação do valor
da fauna e da flora, enfim, o respeito à natureza. É conciliar o esporte o
lazer e a cultura e fazer ali uma homenagem à vida. A gente sempre fala, em
todas as edições do Projeto que, pra quem conheceu aquilo ali há uns cinco ou
seis anos atrás e agora aparece por ali não consegue mais imaginar como estava
aquele local. Ali era um local que, eu acredito que até se executaram pessoas
ali. Mas ali também parecia um pântano. Mesmo assim as pessoas entravam para
nadar na lagoa. Não era como hoje que já tem pista de caminhada para a
população aproveitar, um local arborizado, mas ainda precisa mais. Ainda faltam
coisas. Mas então, como ia dizendo, aquilo ali era local de “desova” de
cadáveres e eu mesmo cheguei ver corpo boiando ali. Tem muita coisa na lagoa
porque o lugar era usado para abandono de carcaças de carros e motos e tem
coisas horríveis que aconteceram ali porque se é verdade o que dizem, a lagoa é
muito profunda. Muitas pessoas tiveram ali ... Tem um rapper que mora ali na
região, ou seja, da Anhanguera pra lá, no Eixo Santos Dumont, ele relatou que
três crianças morreram afogadas ali naquele período antes de virar parque. Eram
da mesma família. Uma história trágica porque uma começou se afogar a outra foi
tentar ajudar e acabou que todas se afogaram.
Quando falo sobre isso me emociona e em todas as edições do Fazendo Arte
no Parque e eu digo que é para superar. Hoje em dia a gente celebra a vida
naquele local isso e apagar esta memória de pesadelos, redesenhando ali e a
gente está sendo pioneiro nesse tipo de ação.
Como você
define o Projeto Fazendo Arte no Parque?
“Man, man,
man ...” Poxa, pra fazer uma definição, para a gente que vê uma coisa, assim,
que já almeja há tempos ... Até porque
há anos a gente vem desenvolvendo apresentações, eventos, até em outras
cidades, mas claro, outros bairros de Campinas. Em muitos a gente foi como
participante, outros foi a gente mesmo que realizou. Mas foi uma coisa assim
que ... Como que eu posso dizer ... Muita coisa aconteceu e a gente circulou por
toda a cidade almejando algumas localizações. Já teve o Projeto Na Rota do Rap,
A Periferia Segue rimando, Hip Hop Pela Vida. Nesta bagagem que evolui para o Fazendo
Arte no Parque a gente participou de muita coisa. Teve até um tempo que havia
um projeto permanente que era o Hip Hop na Concha (Concha acústica do Taquaral,
outro parque da cidade), mas que depois de um tempo o pessoal parou de investir
naquele projeto que durou mais ou menos um ano. E não houve uma ação do
Movimento Hip Hop em torno disso. Mas este, o Fazendo Arte no Parque a gente já
conseguiu realizar durante este período em 2013, de julho até dezembro e se
tudo correr bem e eu acredito que ocorrerá a gente vai estar transformando
aquilo ali, aquele projeto num marco, justamente para ali ser um espaço, um “point”
e transformando aquele lugar para receber cada vez mais gente e ter cada vez
mais visibilidade, aumentado a frequência ao Parque para atrair pessoas não só
da região mas as outras cidades da Região. Com isso a gente faz fortalecer o
Hip Hop, ajudando a fortalecer esse Projeto. A gente define o Fazendo Arte no Parque
como uma coisa pioneira naquela região propriamente dita.
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